miércoles, 29 de octubre de 2008

RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NO BRINCAR INFANTIL

RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NO BRINCAR INFANTIL


Por: Marcos Teodorico Pinheiro de Almeida
Universidad Federal del Ceará – UFC
Facultad de Educación – FACED
Alumno de Doctorado de la Universidad de Barcelona – UB
Octubre de 2008
Barcelona - España


O que é Conflito?

Conflito é a oposição ou desacordo entre pessoas em relação com um mesmo assunto ou tema. Resolver os conflitos nos ajuda a crescer, evoluir e madurecer como pessoas. A resolução de conflitos através do brincar é um método indutivo de aprendizagem baseado na busca e descobrimento, por parte das crianças, dando respostas e soluções as questões planejadas em torno do problema. A resolução de problemas pode ser planejada em contextos de atuação individual, porém, como assinalam diversos autores, mas também pode ser planejada em um contexto de ação coletiva, oferecendo ótimas oportunidades e possibilidades.

Para resolver conflitos necessitamos: 1) Não ficar nervoso e 2) Pensar no que aconteceu. Quando conseguimos resolver os conflitos: a) Sentirmos-nos bem; b) Passamos a ter uma boa convivência com nossos colegas, e c) Temos a certeza que as soluções foram justas para todos. O que devemos fazer em uma situação de conflito, em primeiro lugar não devemos: a)evitar; b) competir, e c) ceder. Em segundo lugar: 1) Devemos cooperar e 2) Devemos negociar. Em um conflito não é importante: 1) Ser agressivo: a agressão é negativa, não só para quem a recebe é também para seu autor. 2) Competir: impor nosso ponto de vista sem escutar o(s) outro(s). Em um conflito devemos ter em conta duas estratégias simples: 1) Devemos dialogar para chegar a um acordo e 2) O acordo tem que favorecer ambas as partes. Para conseguir estas metas anteriores são necessários dois aspectos de intervenção no conflito: 1) Negociar: processo de discussão para chegar a um acordo aceitável para todos. O coletivo tem que estar satisfeitos. 2) Mediar: Um terceiro elemento que ajuda as partes chegarem a um acordo.

Acreditamos que quando um grupo tem o mesmo objetivo, ou um problema comum para resolver, se reúne forças em dimensões incríveis para produzir soluções. A participação do grupo na resolução de problemas é a única condição que leva aos âmbitos social, emocional e cognitivo a interação com grande intensidade e equilíbrio. Este processo de interação, para conseguir uma solução para beneficio de todo um grupo, implica no equilíbrio nos seguintes componentes: 1) Oportunidade de que todos os alunos podem sugerir soluções; 2) Oportunidade de provar a solução de qualquer um; 3) A negociação e modificação de soluções; 4) O esforço do grupo com respeito à solução aceita; 5) A tolerância do grupo com respeito à solução não aceita, e 6) Um clima de inclusão.

A resolução de problemas com crianças podem levar a importantes conseqüências educativas, tais como:

1.Produção de novas idéias;
2.Estimular cognitivamente as suas capacidades para resolver problemas e buscar soluções. Neste sentido, abre caminhos para o pensamento divergente e criativo;
3.A tarefa se converte em um processo coletivo de indagações onde as potencialidades cognitiva, motriz, social passam a ser uma só;
4.A transferência da decisão ao grupo durante os conflitos cria oportunidades para compartilhar idéias e confrontá-las com as demais. Deste modo, as conquistas são resultados do diálogo, da negociação e vivência dentro do grupo;
5.A satisfação do êxito é compartilhada coletivamente.
O brincar tem algumas características cognitivas que contribuem para aprendizagem e conseqüentemente na construção do conhecimento. Ao brincar a criança elabora esquemas que estabelece uma atividade conjunta e compartilhada onde demanda delas uma ação lúdica em três possibilidades: 1) Na colaboração; 2) Na cooperação, e 3) A coordenação de ações lúdicas compartilhadas. Estas possibilidades devem ser utilizadas na busca de soluções em situações problemas ou na resolução de conflitos estabelecidas no brincar infantil.

Algumas estratégias para uma boa negociação de conflitos na hora de brincar são:

1.Recolher a informação - a informação deve ser: a) Objetiva; b) Sistematizada; c) Selecionada; d) Classificada; e) Analisada detalhadamente.
2.Definir o problema;
3.Buscar alternativas;
4.Imaginar conseqüências;
5.Tomar uma decisão;
6.Criar uma mudança.

Algumas pautas reflexivas e de condutas para os educadores infantis abordar os conflitos em situações lúdicas:

1) Descrever o conflito;
2) Explicar a historia: origem, evolução e situação atual;
3) Descrever o contexto em que acontece;
4) Apresentar as partes que se encontram em conflito;
5) Analisar o que originou;
6) Orientar positivamente o conflito;
7) Buscar propostas para solucionar de forma justa;
8) Avaliar as alternativas imaginando as conseqüências;
9) Tomar uma decisão;
10) Aplicar a solução adotada;
11) Avaliar os resultados: curto, médio e longo prazo.

O educador infantil deve estar atendo a duas situações:

1.O que fazer quando -
a criança quer chamar a atenção:a) Reconhecer a individualidade de cada criança; b) Atender a cada criança como alguém especial; c) Valorizar o que ela faz e o que tem de melhor; d) Convidar para que expresse suas necessidades.
2.O que fazer quando - a criança tem a necessidade de ter amigos: a) Ensinar a reconhecer os sentimentos dos demais; b) Aprender a não culpar ninguém a menos que tenha visto a cena; c) Estimular sua segurança e auto-estima; d) Perguntar que necessita para jogar em paz; e) Não se preocupar se o que faz, gosta ou não, os outros colegas.

A prática em resolver conflitos nos cria confiança e habilidade. Com a prática e a confiança, as crianças podem enfrentar os conflitos em duas perspectivas: 1) Aprendem a resolver conflitos de forma cooperativa em uma situação lúdica, e educam-se em os valores para a convivência sustentável. 2) Serem crianças capazes de cumprir com seus deveres e exercer seus direitos como cidadãos de uma sociedade aberta e plural. Para isso, é importante o pacto na resolução de conflitos no brincar: a) O pacto é um recurso para prevenir e solucionar problemas; b) Pactar supõe que reconhecemos os problemas e opiniões do outro e buscamos uma solução que satisfaça a ambas as partes; c) Quando o pacto se rompe, podemos revisar o pacto, estabelecer novos pactos etc.

O educador infantil deve ter em conta e bastante cuidado nos seguintes temas:

1) O castigo tem sentido se corresponde com a falta cometida e melhora a convivência geral;
2) É importante racionalizar as normas com as crianças e que as assumam conscientemente, comprometendo-se a cumpri-las;
3) A criança deve assumir conseqüências concretas relacionadas com a falta cometida, sempre proporcional e flexível.

Para melhorar a convivência lúdica infantil em um espaço estruturado para brincar devemos:

1.Modificar a organização dos espaços e dos materiais lúdicos ou melhorar a prevenção.
2.Ter como principio básico de regulação do conflito, que o direito de brincar é para todos e todas e que o lúdico é de uso universal.
3.Estabelecer uma estratégia geral para solucionar o conflito, criar algumas regras, hábitos de convivência com funcionamentos claros e simples.
4.buscar uma solução positiva ao problema quando alguém rompe ou quebra as normas.

Acreditamos que soluções cooperativas em situações de conflitos no brincar pode ser uma estratégia educativa, criativa e libertadora. Em nosso ponto de vista solucionar conflitos de forma cooperativa é um recurso que favorece e estimula o desenvolvimento das capacidades pessoais e humanas dos atores envolvidos. Quando falamos em cooperação estamos nos referindo aos métodos de aprendizagem de cooperação através dos jogos cooperativos que permitam aos participantes potencializar diversas habilidades e potencialidades.

Nós educadores podemos Intervir no brincar infantil nos seguintes âmbitos:

a) Afirmação pessoal e de auto-estima;
b) Cultivo da confiança mutua;
c) Desenvolvimento das capacidades comunicativas para compartilhar sentimentos, informação e experiências;
d) Construção de um grupo que apóie a seus membros;
e) Adoção de uma atitude positiva diante da vida e dos feitos cotidianos.

Reflexão final

Acredito que a escola pode ser um espaço qualificado para aplicar propostas educativas e de aprendizagens para a tolerância, e tenho a esperança, que o brincar pode ser um instrumento mediador para a formação moral, política, crítica e social das crianças. Podemos na educação infantil ter uma intervenção educativa para a tolerância e para resolução de conflitos por vias não violentas. Este momento educativo é propício para abordar e compartilhar as seguintes propostas: a) Tolerância; b) Sociabilidade: Respeito pelas diferenças; c) Compreensão da singularidade; d) Complementaridade como princípio da aceitação das diferenças; e) Reciprocidade como base da cooperação; f) Cultura de paz. Formar pessoas capazes de cumprir com seus deveres e exercer seus direitos como cidadãos de uma sociedade aberta e plural é uma tarefa educativa muito difícil na atualidade, mas não é impossível.

Devemos rapidamente instrumentalizar, oferecer e compartilhar conteúdos educativos que possam permitir que as crianças resolvam seus conflitos de forma pacifica e por vias não violentas.